sábado, 6 de setembro de 2008

Sim, eu ainda desejo morrer

Sim, eu ainda desejo morrer.
Agora não mais com a angústia depressiva dos suicídas.
Nem com a fúria alucinógena dos psicóticos.
Não para fugir dos problemas ou para causar dor ou arrependimento em alguém.
Mas sim com a calma, felicidade e esperança dos que sabem que existe algo além. Algo que se não melhor ao menos diferente. Algo que as palavras deste plano não sabem explicar, assim como não sabem explicar o amor, simplesmente por não pertencerem a ele.
Foi preciso muito sofrimento da ostra para que dela nascesse uma pérola.
Que fique bem claro que desejar morrer, fazer a viagem final, não é desejar a morte em si. Não é desejar uma forma de acabar com a vida que foi nos dada como meio de evolução, isso seria como fugir da aula. Enquanto que o que eu desejo é aprender a lição para mudar de curso "passar de ano", e só assim dar mais um passo adiante.
Desejo a passagem agora sem medo. Quem sabe com um pouco de ansiedade... o que geralmente a torna mais longa.
Agora não me preocupo com o ato fúnebre que envolve a morte física, isto apenas faz parte do processo de libertação. Obviamente que minha consiência e meus instintos de auto-preservação faram com que me afaste dos perigos, isto é natural. Também sei que quanto menos traumático for esse processo melhor será para a essência.
Não atentarei contra minha vida, pedirei calma nos momentos de ira e conforto para a angústia que provavelmente ainda hei de sentir. Pelo contrário a aceitarei de bom grado e respeitarei a vida alheia como respeito algo que não me pertence. Porém sem diviniza-la, como por muitas vezes tenho visto acontecer com determinadas pessoas.
Por fim pedirei sempre à Força Criadora para que cada vez mais pessoas iluminem-se e encontrem seu caminho e verdade, que podem ser ou não diferentes da minha. Para que possam compartilhar a lucidez de espírito que sinto neste momento.

4 comentários:

Danielle disse...

Na verdade, acho que a ostra não sofre. Quando alguma partícula entra na ostra, ela começa a liberar uma substância para englobá-la a fim de preservar-se.
Espero sentir essa paz de alguma maneira.
Beijos.
;]

fera disse...

me parece ser uma pessoa que quer morrer, porque você publica essas coisas, você é fascinada por esse assunto não é

Ana Alice disse...

Dani o que eu escrevi foi baseado nesse conto que é muito famoso, tem várias versões, mas todos querem dizer a mesma coisa, se eu não me engano é um conto indiano...

"Ostras são moluscos, animais sem esqueletos, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, de pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas - são animais mansos - seriam uma presa fácil dos predadores.

Para que isso não acontecesse a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem.

Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostras felizes porque de dentro de suas conchas, saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário... Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste... As ostras felizes riam dela e diziam: "Ela não sai da sua depressão..." Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro da sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor.

O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de sua aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava o seu canto triste, o seu corpo fazia o seu trabalho - por causa da dor que o grão de areia lhe causava.

Um dia passou por ali um pescador com seu barco. Lançou a sua rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-a para sua casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras, de repente seus dentes bateram num objeto duro que estava dentro da ostra. Ele tomou-a em suas mãos e deu uma gargalhada de felicidade; era uma pérola, uma linda pérola. Apensa a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele tomou a pérola e deu-a de presente para a sua esposa. Ela ficou muito feliz..."

Ostra feliz não faz pérolas. Isso vale para as ostras, e vale para nós, seres humanos.

Danielle disse...

Hum...
Ah, tá.
Gostei!
(;]p)