quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A musa Loucura (I)

Está sentada sobre seu ninho de interrogações e choca os ovos da incerteza. Tem olhos profundos e sedutores. É tão atraente quanto uma vela, pálida.
Em suas mãos uma fotografia do Amor. Olha hipnotizada e derrama uma lágrima de tédio. Lembra-se de quanto tempo lhe dedicou... Seus melhores anos de juventude, adorava-o com furor, consumia-se e confundia-se com a Paixão.
Esta musa vive em seu palácio, construido apenas de paradoxos, incensos, chuva e roxo. Mas ela não está só, vivem em companhia das Coisas do Espírito e dos gnomos do Improvável.
Muitas vezes deita-se no leito do Desespero para depois abandona-lo ao nascer da Razão.
Implora a atenção dos homens, seduz até os mais fortes com suas promessas de libertação, porém já houveram tempos melhores.
Agora só lhe resta o amor pelos detalhes e pelas coisas invisíveis. Chora ao ver uma gota formar-se para em seguida se atirar ao abismo com toda a inocência da ignorância.
Pega sua pena de borboleta e escreve um poema. Um poema sem métrica, ritmo, rima...
Pois para ela o Poema so precisa ter, talvez, Poesia.

2 comentários:

Danielle disse...

Ai, que lindo!
;]

Ana disse...

Que bom que vc gostou Dani, era mior e tem a outra parte... Não sei, talvez eu poste.